terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Havana: Charutos e Santerias

A maioria da população de Cuba é afrocubana. É superinteressante ver na rua, vira e mexe, alguém vestido inteiramente de branco por que deu obrigação num terreiro cubano. Ou uma moça que foi jantar toda vestida de amarelo - obrigação de 7 anos para Oxum - no restaurante onde eu estava (um dos poucos onde também vão cubanos, pois a comida é relativamente barata, já que todos lá são aprendizes de garçom, cozinheiro, etc). Aquelas roupas que no Brasil só se vê em terreiro de umbanda e candomblé, em Cuba se vê no meio da rua, e mesmo com uma grande parte da população católica, o respeito e a boa convivência religiosa acontecem numa boa. E há um bairro inteiro de cultura afrocubana, com um totem para Xangô bem no meio da rua! A Santeria cubana é também uma das explicações para os bons charutos: segundo a crença popular, o charuto é capaz de afastar os maus espíritos, o que contribuiu para difundir o seu cultivo por uma ilha onde 55% da população quer afastá-los. A maioria das pessoas que trabalham na fábrica de charutos que visitei (Partagás, atrás do Capitólio, uma das mais tradicionais de Havana, de 1845) eram da santeria, e nossa guia, santeira filha de Iansã, queria muito vir ao Brasil para conhecer os terreiros da Bahia, principalmente o da mãe menininha do Gantois (!). Os charutos cubanos são feitos manualmente, e sua fabricação é muito parecida com a do vinho - precisam ser transportados numa temperatura certa, cada folha, de acordo com seu cultivo, é responsável por um aspecto (aroma, sabor, intensidade), as folhas são separadas umedecidas, e colocadas numa ordem correta, há folhas para o meio e para a capa... E os nomes dos charutos têm origem na própria produção: Monte Cristo, um dos charutos mais famosos de Cuba, tem esse nome porque na sala de produção as pessoas trabalhavam com um funcionário lendo o romance "O conde de Monte Cristo".


Para completar, ao sair da fábrica, na praça ao lado da catedral de Havana, dei de cara com uma santeira típica, lendo cartas, com um charuto enorme na mão, as unhas pretas e dois dentes de ouro. Não resisti a uma foto, é claro.

4 comentários:

Johnny M. disse...

Morro de vontade de conhecer Cuba e dançar uma legitima salsa. Pena que o povo cubano sofra tanto com a supressão das liberdades individuais e com o bloqueio imposto pelos EUA.

* Mariana disse...

É muito legal conhecer lugares diferentes, culturas... Sempre quis conhecer cuba, não só para dançar salsa - mas isso também - e fumar um charuto. Queria fazer entrevistas secretas, saber do povo, do que gostam... Do que acham do governo e do Bush.
deve ser fantástico.
:*

Julio disse...

Gostaria muito de ir lá.
Principalmente para:

-Bodeguita del medio
-Frango a Cubana (o verdadeiro)
-Farol e canhões
Povo, claro!

Anônimo disse...

PLSQL é uma linguagem para banco de dados oracle

pow valeu pela visita no blog

e seu blog tem o visu legal

bjinhos....