segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Porto Alegre e o Rio Guaíba

Quando fui a Porto Alegre num congresso, em 2003, tudo o que queria, além de apresentar meu trabalho, era aproveitar minha primeira viagem sozinha. Como em POA não tem albergue (uma pena) hospedei-me num hotel muito bacana e não muito caro, que ficava num clube (http://www.farrapos.org.br/hotel.htm Como todos os hotéis estavam lotados e não tinha mais lugar, fiz um acordo com a gerente de ficar num quarto numa casa no clube (muito bem estruturada) por 15 reais a diária. Quarto e banheiro só prá mim. Uma pechincha, ao lado da PUC-RS, onde seria o Congresso. Depois mudei-me para a casa da minha tia. Uns colegas de faculdade iriam também, mas acabei prefirindo ficar sozinha.
Peguei um ônibus para o centro e percorri toda a cidade, fiz compras, conheci o centro passei num posto turístico e peguei o ótimo guia, com pontos para conhecer. Estava tendo bienal, ao lado da Usina do Gasômetro (rua de mesmo nome) e eu fui visitar (você pode pegar os pontos turísticos em http://www.inf.ufrgs.br/turismo/poa/lista.html). O Gasômetro é uma usina desativada que virou museu, na frente do rio Guaíba. Todo mundo vai lá, ver o pôr do sol. Na bienal, fiz amizade com umas meninas de brasília que foram para o congresso, depois elas foram embora e eu fui ver o pôr do sol. Ao meu lado vários grupos tocando violão e fiquei embasbacada com a paisagem. Comecei desesperadamente a fotografar, gastei um filme de 36 poses, depois fiquei horas paralizada e por último comecei a escrever, tentando descrever a cena e o que eu estava sentindo. Assim ficou:


"Mário Quintana Só podia ternascido em proto alegre. O sol do gasômetro refletindo sobre as águas azuis do Rio Guaíba é pura poesia sobre o doce verde da outra margem. O sol se recolhe para seu descanso noturno, assistido por dezenas de pessoas sentadas na grama já batida, sensíveis o suficiente para não se incomodar em sujar a roupa, em parar um minuto no intenso agito da cidade, para apreciar o espetáculo. Esses poucos custos não são nada comparados ao explendor desta experiência. Aí está o mundo, apenas para nós felizardos que podem observar e sentir a calma de uma descida lenta, amarela, rosada e anil. De todas as cores. E de todos os climas, já que ora esquenta, ora esfria, ao balanço da disputa entre o sol e o vento. A mata na outra margem, que serve de leito ao sol como uma mãe que delicadamente recolhe seu filho nos braços, aos poucos mostra também suas formas de cerrado, acompanhada de dezenas de ássaros que riscam o céu, saudando o fim do dia." (10/2003)

Quando fui pegar o ônibus de volta, tinha um sorriso de felicidade estampado no rosto, estava me sentindo livre como nunca. E encontrei meus colegas:

- Nossa Tati, que cara de felicidade é essa?

E o outro:

- Tá na cara que ela encontrou alguém...

Eu nem sabia o que responder. Com aquela absoluta falta de sensibilidade, será que eles entenderiam o efeito que  um pôr do sol é capaz de provocar??? Por que é que a gente só pode ser feliz se estiver encontrado uma muleta para se encostar???? Me poupe. E também não estava a fim de raciocinar muito naquele momento, estragaria meu estado de espírito.

- Encontrei o gasômetro, vocês já foram lá?

-Já.

Eles me olharam sem entender, o que teria o gasômetro de mais? Eu peguei o ônibus, feliz da vida por não ter ido com eles. Ir a Porto Alegre a não se maravilhar com o pôr do sol do Gasômetro é como ir a Roma e não conhecer o Coliseu. O Papa, cá entre nós, é um chato e eu dispenso.

3 comentários:

aurora experimental disse...

que foto bonita! até salvei. :p

num sei nem quando vou pra porto alegre, mas assim que eu for, vou seguir sua dica e ir ver o pôr do sol no gasômetro*.

;*

Zanfa disse...

Porto Alegre em si é muito linda, vou direto lá. =D

Marjorie disse...

hahahaha


Morro de vontade de ir a porto alegre, e quando for seguirei sua dica!

beijão